Diferenças e identificação

16-12-2012 20:27

É como os óculos mágicos da Xana Toc Toc. Podemos estar mais atentas às diferenças que nos dificultam a proximidade, o diálogo, o "ter alguma coisa a ver"; ou estar mais atentas às semelhanças, a nossa sentimentalidade profunda, a nossa vulnerabilidade que se esconde num olhar cansado que não escondemos, ou um excesso de euforia que nos expõe na solidão que precede esse nem saber o que fazer das mãos com os nervos. Fica-se vermelho, ri-se a mais.

Duas mulheres que nunca se tenham visto na vida e que se sentem à mesa do café, irão provavelmente fazer um scanning de sinais dos mais superficiais aos mais discretos, cada uma irá projectar os seus próprios complexos, cada uma ficará com uma opinião baseada sobretudo nos seus próprios olhos.

Como na velha história de que "a beleza está nos olhos de quem a vê".

Tudo está nos sentidos de quem vai tirando polaróides 3d de conclusões e conclusões intuitivas o mais que sejam. Pressupostos e pre-supostos e outros prés.

Intuir é como ter uma boa lanterna. Pode iluminar melhor ou pior um lugar muito escuro, numa distância que vai daqui até ali onde queremos ir. Mas a lanterna não é a luz do sol e a lanterna não nos leva lá.

A intuição é o milagre de um vislumbre num lusco-fusco, mas se quisermos amar as pessoas que vamos conhecer pode ser bem mais gostoso olhar humildemente, com espanto e com encantamento deslumbrado para o que cada uma de nós for mostrando.

Somos seres únicos cada uma de persi.

Se olhares para mim, não me topes a pinta. E se eu olhar para ti e achar que não tenho nada a ver contigo porque pareces aquele tipo de mulher que isto ou aquilo, fico a perder. Fico a perder a mulher maravilhosa, cheia de vida, de histórias, de talentos, quem sabe de gargalhadas guardadas para me fazer rir.

Faz muito bem rir em conjunto.

Faço então um apelo à humildade.

Resistir um pouco à tentação de listar desde todas as diferenças que nos irão fazer saír disto sem nada a ver com "esta gente". Somos todas diferentes.

E tentar ficar só um pouco numa espécie de encontro a várias dimensões. Uma superficial que fala de trivialidades com pessoas daqui e dali, enquanto a criançada brinca e faz das suas, e sei lá quanta mais barafunda. E outra dimensão. Uma silenciosa. Simultânea. Sorridente. Sábia e com uma visão panorâmica no tempo e no espaço. Que sabe ver longe e grande.

A humildade sábia que sorri tranquila é mais antiga e poderosa do que o ser intranquilo que avalia as coisas a quente.

E não é só nas Mães de Transição

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