Acredito no mesmo que tu

22-12-2012 00:04

Acreditamos com a cabeça? Com o coração? Com as células? Com a vida e as escolhas que fazemos? Acreditar é do universo da espiritualidade? É algo de ordem prática, e a espiritualidade pode não ser de ordem pratica?

Agarrar nessa coisa complicada que são as palavras e tentar regulamentar crenças... é um sarilho.

Mas olhar à volta, sentir empatia, simpatia, vontade de sorrir, sentido de humor, vontade de estar, vontade de partilhar momentos ou de estar em espaços/tempos partilhados... há muitas formas de transmitir "Eu creio", "Eu também", através de uma forma sólida e ao mesmo tempo flexível de estar na vida.

Quando me encontro entre muitas conversas sobre crenças, confesso que fico um pouco perdida. Eu acredito em tudo, na medida em que acredito que todas as pessoas que acreditam em cada coisa, não esteja a inventar uma mentira. Se todos estiverem a falar das suas verdades quem sou eu para dizer que tudo é mentira? Mas o que é verdade para mim? A verdade para mim é inexorável. Nem com olhos infinitos se consegue ver o infinito, seja o infinitamente pequeno, seja o infinitamente grande.

Mas vivo também de crenças simples. Creio no poder das minhas botas, passo a passo no chão, creio no poder de mães rindo alto e com vontade, bebés mamando, crianças brincando, jovens correndo, descobrindo, teatros feitos por nós, livros feitos por nós, casaquinhos e roupinhas feitas por nós, música composta e cantada e tocada por nós, as nossas crianças a descobrir que criatividade é criar vida, criar meios, criar arte e criar crença na vida, no futuro e na força que pulsa nas suas mãozinhas, nos seus corações e nos seus cérebrozinhos brilhantes.

Crenças simples como o apoio mútuo, chorar junto. Ficar sozinhas juntas. Olhar sozinhas juntas para um ponto partilhado. Tomar conta dos filhos umas das outras numa hora pior, sermos ombros, sermos abraços, sermos a ajuda que chega rápido por estar perto. Que vem com um tachinho de uma refeiçãozinha quente, quem sabe com alguns medicamentos trazidos da farmácia, quem sabe com uma boleia para levar alguém a algum lado num aperto qualquer.

Como as irmãs que sentem a crença de um sangue irmão que percorre uma árvore comum desde o início dos tempos.

Como nós.

Como na minha crença.

E dentro desta crença, cabem muitas outras. Das mais psicadélicas às mais hippies, às mais Egas Moniz. Não me importa. Não me interessa aquilo que sejam as tuas opções. tenho o coração com 4 portas abertas para todas as Mães que queiram aceitar viver a crença de estarmos ligados como gotas de um oceano. As que não vejam diferenças.

Que dizem como eu, acredito no mesmo que tu.

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