Fim de semana

16-12-2011 13:51

Lá chega mais um fim de semana.
Para algumas de nós isso significa a família toda em casa, para algumas de nós a "família toda" somos nós e um filho, outras contam com um marido ou namorado, outras contam talvez com pais ou irmãos ou amigos por perto.
Mas para muitas de nós chegaram os dias de lavar roupa.
Lembro-me como foi enquanto tinha a minha filha pequenina. Tanto antes como depois de me ter separado o meu sentimento mais persistente era o da invisibilidade que é um tipo de solidão mais torcido.
Resolvi não voltar ao trabalho, e mesmo que voltasse isso não resolvia. Não tinha lá laços de afecto. As amigas não tinham filhos. As mulheres que tinham filhos não tinham tempo. E eu lá andava, sempre eu e uma bebé adorável que me enchia de alegria, mas que não podia fazer as vezes de uma família grande, de uma comunidade, de uma aldeia.
Somos seres de comunidade. Nem sequer somos seres de família. Poucas de nós chegam a uma expressão do nosso potencial em família.
Muitas de nós são curadoras, escritoras, artistas, habilidosas das mais variadas tarefas e talentos. Muitas de nós só encontram o seu Eu completo em comunidade de afecto. Em espaço de aldeia de proximidade e entendimento.

A minha filha ficou com graves problemas ao nível da socialização, e eu da solidão. Amigos que podia ter tido nunca me conheceram. Irmãs que podia ter tido nunca me encontraram. Porque eu estava na área de conforto da minha privacidade, demasiado afogada na ideia de que não tinha nada de interessante.
É um paradoxo, essa coisa da privacidade.
A privacidade tem dois sentidos. Permite-nos espaços de intimidade defendida. Mas também nos priva dos outros.

Claro que a net abre estas largas janelas de umas para as outras sem fronteiras, sem distâncias, sem saír da área de conforto, da possibilidade de escrever como eu agora, de pijama, despenteada e no quarto mais desarrumado do planeta Terra.
Mas se não nos encontramos os nossos filhos não podem ser amigos de infância para a vida toda. Não podem crescer irmãos na aldeia da nossa expressão completa.

As Mães de Transição não são apenas correspondentes. São um movimento social de enquadramento das mães na realidade de serem mulheres com direito a uma vida social, comunitária e familiar plena. Se perdemos as nossas famílias alargadas, vamos construir novas. Se à volta de nós se estende um vazio cheio de gente que não nos diz nada, vamos encher o nosso mundo de gente para quem temos significado.

Esse é o convite. Para que futuros fins de semana não tenham comparação com este.

Estou à procura de mães pelo país todo, para se acompanharem umas às outras. Entre elas procuro também uma ou duas por localidade que recebam quem chega de novo e integra cada nova mãe nos encontros e actividades que se vão fazendo.
Visitem o nosso site, vejam a lista enorme de mães por perto que tenho vindo a completar. Sintam nas mensagens de cada mãe o apelo, e ao mesmo tempo o grito de beleza imenso.

Um dia, vou criar um mundo novo para mim.
Esse dia é hoje.

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